segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Antes tarde do que nunca

A tabela do segundo turno do campeonato brasileiro aponta o Internacional como terceiro colocado com 16 pontos e o Grêmio em quarto com 15. Duas classificações inesperadas para quem terminou o primeiro turno vagando pelo lado de baixo da tabela. Hoje, o Internacional soma 43 pontos, ocupando a sétima colocação e o Grêmio está em décimo com 39. Isso apenas comprova que se a dupla Gre-Nal tivesse iniciado o campeonato mais preparada e convicta de seus planos, as aspirações poderiam ser muito maiores, tanto do lado vermelho quanto do azul. Depois de muitos tropeços durante o ano e algumas mudanças mais drásticas como a troca de seus vice-presidentes de futebol, Grêmio e Internacional parecem ter reencontrado um padrão de jogo nas mãos de seus novos técnicos, Celso Roth e Dorival Junior, respectivamente. Apesar de serem estatísticas, esses fatos são suficiente para comprovar que se os gaúchos não tivessem perdido tempo demais com crises políticas desnecessárias e investimento em treinadores despreparados para a função, o campeonato de hoje não estaria resumido a esse modesto torneio Rio-São Paulo.
Agora que estão organizados, com um ambiente sereno e os jogadores verdadeiramente focados, Grêmio e Internacional mostram que não são piores que a maioria de seus adversários. Faltou total planejamento na arrancada.


Paulo Odone, quando assumiu a presidência do Grêmio, teve que engolir Renato Portaluppi como técnico, pelo milagre que o eterno ídolo gremista havia realizado no campeonato brasileiro do ano passado, mas o presidente nunca simpatizou com este profissional. Logo, o clima no clube ficou turbulento e Odone aproveitou a primeira brecha para mandar o treinador embora, fato que atraiu contra sua pessoa a fúria da torcida. A saída de Renato desencadeou uma crise técnica na equipe, que encaminhou o clube a triste convivência da zona da degola. Nesse período, o Grêmio apostou no inexperiente Julinho Camargo que claramente não estava pronto para a árdua tarefa que lhe esperava. O grupo de jogadores passou a carregar o fardo de time desqualificado e limitado. O time só começou a ensaiar uma recuperação no final do primeiro turno, quando das chegadas de Paulo Pelaipe e Celso Roth. O treinador manteve a tradição de técnico de boas arrancadas e logo arrumou a casa, começando por uma boa organização defensiva. Mesmo que ainda lhe faltem recursos na peça ofensiva, o Grêmio volta a atuar com aquele espírito aguerrido que lhe é característico. Com certeza, essa turbulência toda roubou pontos preciosos, comprometendo a temporada tricolor.
A crise colorada é muito mais complexa, já que não teve origem nessa temporada. A eleição de Giovanni Luiggi para presidente do clube gerou um grande racha no grupo político que administra o clube desde 2002. A relação do Presidente com o vice de futebol, Roberto Siegmann, foi desarmônica desde o início da gestão. A queda de Celso Roth e a contratação de Falcão para o cargo acirraram ainda mais os ânimos entre os dirigentes. Com o despreparo tático do Rei de Roma, somado a uma falta de poder de mobilização deste sobre os atletas, o Internacional fez fiasco na Taça Libertadores da América e patinava pela zona intermediária do campeonato. Depois de sofrer uma trágica goleada de 3 a 0 para o São Paulo, em pleno Beira-Rio, o departamento de futebol e a comissão técnica foram derrubados pelo primeiro mandatário do clube. Trocas de acusações agitaram as bandas do Beira-Rio, enquanto isso, o clube permaneceu um longo período sem treinador, sem esquema tático e sem comando. Dorival Junior assumiu o comando da equipe na vitória por 1 a 0 contra o Botafogo, há somente três rodadas do fim do primeiro turno. A partir daí, o Internacional não parou mais de crescer, tanto em futebol quanto em resultados. Com a chegada do novo técnico, jogadores mais experientes como D`Alessandro, Guinazu, Índio e Tinga voltaram a jogar o que sabem e somaram qualidade ao fenômeno Leandro Damião. O Internacional vive a sua melhor fase na temporada e a tendência, pelo desempenho dos últimos 10 jogos( 4 vitórias, 4 empates e 2 derrotas) parece ser mesmo uma guinada rumo à Libertadores. Claro que a equipe ainda oscila, especialmente nos jogos longe de Porto Alegre, mas é notável uma evolução a cada partida, aspecto característico de uma equipe em formação, ou seja, o Internacional dá sinais que ainda deve render mais.
As situações de Grêmio e Internacional são diferentes, mas ambos atravessaram uma temporada de percalsos bem parecidos, guardadas as proporções, é claro. Desta forma, basta esperar que os dirigentes não criem mais problemas fúteis e que os clubes mantenham o foco para, quem sabe assim, possamos derramar um pouco de chimarrão no chopp de paulistas e cariocas.

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