quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Escassez de Recursos

A cada partida que passa, a seleção brasileira convence menos seus torcedores e nos deixa mais preocupados, de maneira que faltam menos de 1000 dias para a Copa do Mundo e não vemos nem sinais da formação de um time. A própria comissão técnica ajuda a repassar essa percepção. Mano Menezes cada vez mostra mais que não está convicto quanto à equipe ideal, tanto tática quanto nominalmente. São apenas experiências, experiências e experiências..., sem nenhuma afirmação. Alguns jogadores que já estavam descartados pela alta idade que teriam na copa, começam a ser reintegrados, como é o caso de Ronaldinho Gaúcho. A renovação prometida pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e pelo próprio Mano, definitivamente, não aconteceu.
O que se vê é um processo de incerteza quanto ao rumo que deve ser seguido. O Brasil não precisará disputar as eliminatórias e terá poucos jogos oficiais pela frente. Ao mesmo tempo que isso é um prêmio pelo Brasil ser o país sede da copa, acaba prejudicando o nosso futebol, já que o entrosamento e espírito de grupo são fundamentais na formação de uma equipe. Nesse aspecto, temos muito a aplaudir o trabalho do ex-técnico Dunga. Ele montou uma equipe já no início de sua passagem e foi apenas fazendo alguns ajustes ao longo do tempo. Isso estabeleceu um padrão de jogo. Por mais que as ideias táticas e algumas escolhas do ex-treinador fossem contestadas por boa parte da torcida e da imprensa, somos obrigados a concordar que nesse período a seleção possuía um time entrosado e os jogadores estavam focados e fechados com o treinador em torno de um mesmo objetivo. Nem tropeços como empates em casa com Colômbia e Bolívia afetavam a união do grupo. Não vemos isso hoje e nem vamos ver enquanto o treinador não deixar explícito com quais jogadores pretende contar na construção de sua base para a copa.
Claro que o Mano não é o único culpado nessa ocasião. Os jogadores convocados não rendem o esperado. Chegamos ao ponto em que não temos tanta qualidade como imaginávamos. A opinião pública faz esforços para não acreditar nisso, mas os fatos falam por eles só. O treinador convoca os melhores que temos no momento e o Brasil não apresenta nada de fora do comum. Jogamos com Ronaldinho, Neymar e Damião contra a enfraquecida seleção da Argentina e não saímos de um morno empate. Podemos dizer que esses três jogadores citados é o que temos de melhor hoje no setor ofensivo e mesmo assim não passamos por uma Argentina que não contou com nenhum de seus craques. Na seleção atual, temos alguns jogadores que jogam no país, ao contrário da Argentina, onde todas as estrelas jogam no estrangeiro. Isso sinaliza uma decadência do nosso futebol, pois quando nossos atletas estão em alta, invariavelmente, acabam se transferindo para o exterior e a grande espinha dorsal da seleção concentra-se nos clubes europeus.
Hoje é ao contrário. Neymar e Ronaldinho que são as grandes estrela dessa seleção, jogam no Brasil. Neymar despontou com um futebol de encher os olhos no Santos, que submeteu-o a comparações com os maiores craques do passado. Porém, na seleção, ele não consegue atingir uma regularidade. Até fez bom jogos no início, mas a cada partida tem jogado menos. Em alguns momentos, ele me lembra o Robinho, muita técnica e exuberância, mas pouca objetividade. Ronaldinho Gaúcho tem um passado brilhante, quando foi duas vezes o melhor jogador do mundo. Depois disso, entrou em uma fase de decadência incrivel. Tenta ensaiar uma recuperação no Flamengo, mas nunca será o mesmo de antes. Sua idade avançada e vida boêmia agitada pesam contra si para uma afirmação na equipe que disputará o mundial no país. Falamos agora sobre as duas melhores cartas que poderiam desequilibrar a nosso favor e vemos que nenhuma delas é incontestável. Não chega nem à sombra de uma seleção que já teve Ronaldo, Rivaldo, Romário e o próprio Ronaldinho Gaúcho, quando este ainda levava a profissão a sério. São tempos de vacas magras e é preciso se acostumar com isso. Foi se o tempo em que tinhamos recursos para fazer duas ou três seleções e continuávamos sendo os melhores. Hoje, podemos organizar no máximo uma equipe que poderá, com muito esforço, se igualar a grandes potências do futebol mundial como Espanha, Holanda, Argentina e Alemanha, mas não teremos mais aquela supremacia de outros tempos.

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