quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Um desafio incomum


Pensar na hipótese de resgatar a vida de alguém que já faleceu pode ser um pouco assustador. Ficamos receosos, tendo em vista que nossa sociedade não aceita bem a morte.

Confesso que ao imaginar esta hipótese fiquei ansiosa por iniciar o projeto. Mesmo assim, quando a professora de Oficina de Redação I, Patrícia Specht, lançou o desafio de escrever uma reportagem onde o ponto de partida seria o cemitério, a reação foi positiva. Resgatar histórias de pessoas comuns, que poderiam ter sido grandes personagens, era uma oportunidade que todos aguardavam. Afinal, estudar na ESPM-Sul é sinônimo de excelência e também de estar em um local cercado de cemitérios, literalmente de "frente para o futuro" inevitável do ser humano, o que apesar de não nos afetar nos deixa um tanto curiosos.

Após refletir um pouco, ao me dar conta da dimensão dessa ideia, fiquei temerosa. Pois como faríamos para chegar em fontes que nos contassem mais do que informações corretas? Fontes afetivas, era disso que precisávamos. Pessoas que conviveram diretamente com nossos protagonistas e que, em muitos casos, compartilharam histórias e sentimentos com gente que não faz mais parte do nosso mundo. Um grande desafio.

Em busca das histórias a serem desvendadas, nossa turma foi a diferentes cemitérios próximos da ESPM-Sul. Quatro foi o número exato de vezes que eu fui em busca de meu personagem. Eu não tinha preferências ou alguma influência específica, o que tornava as coisas um pouco mais difíceis diante das opções.

Em um dia nublado, acompanhada de alguns colegas, eu caminhava pelo cemitério Santa Casa de Misericórdia quando uma lápide me fez parar, por motivos que desconheço. Mal imaginava eu que, por trás daquele nome, havia uma incrível história. Meu protagonista era José Gerbase, um médico nordestino que trouxe para o Rio Grande do Sul, entre 1954 e 1956, a dermatologia. Gremista fanático, foi presidente do Grêmio e construiu laços familiares que se perpetuam até os dias atuais.

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